O mercado
consumidor. Na última década do século XIX, o mercado de
consumo se expandiu e se transformou estruturalmente devido à implantação do
trabalho livre.
Conforme já
mencionamos, na época da escravidão, os senhores concentravam o poder de
compra, já que eles adquiriam os produtos necessários não apenas para si e sua
família, mas também para os escravos. Assim, antes da maciça imigração europeia,
a parte mais importante do mercado de consumo era representada quase
exclusivamente pelos fazendeiros.
A implantação do
trabalho livre emancipou não apenas os escravos, mas também os consumidores,
pois a intermediação dos fazendeiros, embora não desaparecesse completamente,
começou, gradativamente, a perder importância. Consumidores, com dinheiro na
mão, decidiam por si mesmos o que e onde comprar. Com isso, o mercado de
consumo se pulverizou. Conforme veremos adiante, esse crescimento e segmentação
do mercado de consumo exerceu uma pressão poderosa no sentido da modernização
da economia brasileira.
A tradição da
monocultura. Entretanto, o principal setor da economia - a
cafeicultura - continuava crescendo dentro de padrões coloniais. Na verdade, a
cafeicultura não apenas precisava preservar o caráter colonial da economia
brasileira, mas também ajudava a mantê-lo. Como no passado, a economia cafeeira
estava inteiramente organizada para abastecer o mercado externo, no qual, por
sua vez, adquiria os produtos manufaturados de que precisava.
Esse padrão
econômico tinha como conseqüência o fraco desenvolvimento tanto da produção de
produtos manufaturados, mesmo os de consumo corrente, quanto da agricultura de
subsistência.
Com o crescimento
do mercado de consumo que se seguiu à abolição, as importações aumentaram, pois
até produtos alimentícios eram trazidos de fora.
O endividamento
externo. As exportações, todavia, não cresceram na mesma proporção, de modo
que, para financiar as importações, o governo começou a se endividar continuamente.
Esses empréstimos eram contratados sobretudo na Inglaterra, que, assim,
tornou-se a maior credora do Brasil. Enfim, chegou-se a um ponto em que as
dívidas se acumularam a ponto de desencadear uma crise por falta de capacidade
de o país saldar as suas dívidas externas.
O funding loan. Em 1898,
antes mesmo de Campos Sales tomar posse, o ministro da Fazenda, Joaquim Duarte
Murtinho, foi à Inglaterra renegociar a dívida. Conhecido como funding loan
(empréstimo de consolidação), o acordo financeiro negociado com os credores
consistiu no seguinte: o Brasil substituiu o pagamento em dinheiro por
pagamento em títulos dos juros dos empréstimos anteriores e um novo empréstimo
lhe foi concedido para criar condições futuras de pagamento dos débitos.
O estímulo à
industrialização. Diante de tal situação, o governo federal adotou
uma política para desestimular as importações. Acontece que, com a República, a
arrecadação dos impostos fora dividida do seguinte modo: os estados ficavam
com os impostos sobre as exportações, e o governo federal com os impostos sobre
as importações. Ora, desestimular as importações significaria diminuir as suas
receitas. Por essa razão, o governo federal recorreu ao imposto de consumo, que
já havia sido instituído, mas até então não tinha sido cobrado.
Observemos que a
simples instituição do imposto de consumo indicava que o mercado de consumo já
havia atingido dimensões significativas e revelava a expectativa do governo em
relação ao seu crescimento. E isso testemunhava a importância já adquirida pelo
mercado interno.
Devido aos
problemas gerados pelo aumento do consumo, o governo federal foi obrigado a
estimular a produção interna a fim de diminuir as importações. Esse problema
não existiria se as exportações, principalmente do café, fossem suficientes
para cobrir todos os gastos com as importações. Não era esse o caso.
Entretanto, para que o modelo agroexportador fosse preservado, era necessário
criar condições para o abastecimento através da produção nacional própria. Foi
por esse motivo que a industrialização começou a ser estimulada no Brasil.
Disponível em:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/republica-velha/republica-velha-1.php
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